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publicado por Helder, em 23.11.10 às 00:23link do post | favorito

Quem me conhece, já devia imaginar que um post como este, iria eventualmente surgir no blog. Longe de mim queria elevar o status deste blog a um cantinho de geeks e tecnocratas; pretendo ser bastante simples, incisivo e pouco entediante. Confusos?! Não, não vou falar sobre a minha vida amorosa, o tema de hoje é o sistema operativo Linux.

 

Para a maioria das pessoas o conceito de sistema operativo (SO) não é bem claro e continua a ser sinónimo de Windows, a galinha dos ovos de ouro de uma certa empresa de Redmond. Para uma percentagem bem mais reduzida o conceito é mais familiar e foi o que os levou a comprar computadores de uma empresa de Cupertino com nome de fruta. Para uma ainda mais ínfima percentagem, o Linux é o sistema de eleição que não pertence a empresa alguma, tem como mascote um pinguim ligeiramente obeso e foi criado por um estudante finlandês nas horas vagas. A esta ultima minoria, eu desde já saúdo e dou as boas vindas, os meus camaradas de “luta”.

All hail Tux, the King!

 

O Linux começou em 1991, o que faz dele o mais jovem dos três grandes SO's (Mac, Linux e Windows), quando um estudante da Universidade de Helsínquia chamado Linus Torvalds, constatou que precisava de um sistema operativo para os seus trabalhos académicos e os disponíveis na altura eram simplesmente demasiado caros para um mero estudante. Por isso nada melhor que arregaçar as mangas e começar a criar o seu próprio.

 

Claro que não começou do zero, e por isso o Linux é baseado em Unix e Minix, ou seja, traduzido para leigos, tem uma base sólida como rocha que assenta em sistemas antigos do tempo em que os computadores ocupavam edificios inteiros, usavam ampolas de vácuo e cartões perfurados e os primeiros bugs eram mesmo insectos que habitavam dentro da colossal maquinaria e por vezes davam algum transtorno aos engenheiros. O Unix em particular ,que também é a base do afamado MacOS da tal empresa com nome de fruta do pomar, é responsável pela estabilidade, flexibilidade e rapidez a que estes sistemas nos habituaram. O Linux (e o MacOS) tem os melhores alicerces com que um SO poderia sonhar.

 

Como o próprio Linus afirmou uma vez, esta brincadeira de crianças começou como um passatempo, e só para geeks. Nunca passou pela cabeça ao jovem Linus fazer dele um negócio e ficar milionário, nem tão pouco que seria intuitivo de usar pelo comum dos mortais que adora ícones e janelas e foge de uma linha de comandos como o diabo da cruz. Durante muito tempo permaneceu um projecto amador e inacessível ao comum utilizador, mas hoje em dia é a base de negócios bem rentáveis, de empresas multinacionais, e tornou-se de utilização mais trivial ainda que o seu congénere de Redmond.

 

O Linux é gratuito para qualquer pessoa usar e modificar, desde que deia crédito ao criadores originais, facto pelo qual existem dúzias de diferentes distribuições que respondem a diferentes necessidades. O seu código é aberto para qualquer programador competente o ver, não é nenhum segredo de estado ao contrário dos sistemas das empresas de Redmond e Cupertino. Existem, no entanto empresas como a IBM, a Novell, ou RedHat que “vendem” Linux, o que pode parecer um contra-senso. Mas não é; A IBM por exemplo vende servidores ou supercomputadores para o mercado empresarial que usam Linux, a Novell fornece contratos de assistência técnica a empresas que querem um bom SO, mas não podem perder eles próprios tempo a tentar resolver qualquer problema técnico que eventualmente surja e a RedHat especializa-se em criar sistemas bastante específicos e fiáveis para uma clientela com necessidades bastante especificas e exigentes – o seu maior cliente é o exército dos EUA, por exemplo.

 

Mas para o vulgar utilizador doméstico, sim caro leitor, o sistema do pinguim existe em diversas variantes (distribuições) e quase todas de borla. E a assistência técnica também, se a soubermos procurar. Em vez de ligar para uma qualquer linha de suporte técnico, temos fóruns, canais de chat e claro o incontornável Google. Em suma, existe muito geek bem intencionado disposto a ajudar por essa Web fora.

 

Já falei que o SO é de código aberto, que para os fins que nos interessam é totalmente gratuito, mas ainda não muito do que realmente o distingue dos seus congéneres comerciais: A liberdade que temos ao usá-lo. Liberdade que começa pela escolha de uma distribuição. As mais importantes para uso doméstico (no seu PC ou mesmo no seu Macintosh, que marketing à parte é um PC à mesma!) são Ubuntu, Fedora, OpenSuSE, Mandriva, PCLinuxOS, Sabayon, MEPIS, Debian, Arch, Puppy ou mesmo o nosso Caixa Mágica, portuguesinho de gema. Eu,pessoalmente uso o Mint que é um derivado da distribuição Ubuntu. Uma distribuição não é mais que uma refeição prête à manger com uma selecção de alguns dos melhores softwares de código aberto juntos para formar um sistema coeso e completo. Pois no mundo do Linux, existem sempre alternativas a um software. Um exemplo flagrante são os ambientes gráficos (desktop environments) como o Gnome e o KDE, pois algumas distribuições vem com um determinado ambiente e outras com outro. Caso use Mac ou Windows não está habituado a fazer tal escolha. O seu Windows tem uma barra de tarefas no fundo, um botão iniciar e ícones na esquerda, enquanto o seu Macintosh tem uma dock com os ícones das suas aplicações favoritas no fundo, uma barra para exibir os menus das aplicações no topo e ícones à direita. Não devo estar muito longe do seu ambiente de trabalho actual, pois não? Tem claro algumas opções de personalização mas que são limitadas porque o software que trata do aspecto do seu ambiente de trabalho é uno com o SO e não pode substituí-lo por uma alternativa. No reino do pinguim, isso não acontece porque lá no fundo o Linux não deixou de ser a linha de comandos que era há quase vinte anos, simplesmente escondeu essa faceta feia e antiquada com diferentes máscaras, ou seja ambiente gráficos, que definem a forma como interage com o sistema e são radicalmente diferentes, o que torna difícil que eu consiga adivinhar o aspecto seu ambiente de trabalho tão facilmente como fiz ainda há pouco. Nunca terá de lhe ver a verdadeira cara, deixe-se deslumbrar com as máscaras e as infindáveis possibilidades.

Um exemplo do ambiente KDE Um exemplo do ambiente Gnome

Ambientes KDE e GNOME, respectivamente. Há grande variedade no ecossistema do pinguim.

 

 

 


Isto tudo para dizer que actualizei o meu Linux Mint 8 (nome de código: Helena) para a versão 10 mais recente ( Julia).Como me alongo tanto a escrever quando o tema é tão fascinante!


Adeus Helena, serviste-me bem mas a tua hora chegou. Bem-vinda Julia, o futuro pertence-te.

sinto-me: Muito geek..mas não sou,porra!
música: Moby - Bodyrock

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