Julian Assange está a tornar-se o inimigo público nº1 do governo dos E.U.A. A diplomacia norte-americana está em crise e a secretária de Estado Hillary Clinton em particular, ficou muito mal na fotografia. Pobre Hillary! O matemático,físico, programador e ex-hacker australiano voltou a fazer das suas.
Ao que parece o mais recente projecto do activista da Web – o WikiLeaks – tem vindo a trazer ao conhecimento do público certos documentos secretos que demonstram o desrespeito dos nossos amigos yankees pelos direitos e soberania dos outros. Há alguns meses, tivemos revelações atrozes sobre verdadeiros crimes de guerra cometidos no Iraque e Afeganistão, que foram claro está, abafados pelas altas chefias militares. Torturar prisioneiros de guerra com choques eléctricos nos orgãos genitais, matar civis inocentes e coisas similares passariam incólumes. É o velho lema do “Don't ask, don't tell”.
Esta semana o WikiLeaks voltou à carga, naquela que é considerada a maior fuga de informação confidencial de todos os tempos. Senão vejamos:
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Os E.U.A apoiaram financeiramente o PKK, um partido terrorista da Turquia;
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Os serviços secretos norte-americanos estavam destacados, pelos vistos por ordem directa de Hillary para espiar líderes mundiais como a chanceller alemã Angela Merkel ou mesmo o secretário-geral da Nações Unidas, Ban Ki-Moon;
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Opiniões pouca abonatórias de Vladimir Putin e Silvio Berlusconi: um é autoritário e controla a Rússia através do seu fantoche na presidência, o outro é machista e “dá festas selvagens”.
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Tentativas de negociações com diversos países da América Latina com um objectivo comum: afastar Hugo Chávez do poder na Venezuela.
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A China de facto orquestrou um ataque aos servidores da Google para espiar empresas e governos ocidentais.
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O rei da Arábia Saudita apela aos E.U.A para invadirem o Irão. Segundo ele, se o Irão desenvolve armas nucleares, todos os países na região farão o mesmo. Uma invasão militar peremptória parece uma menor ameaça que um Irão nuclear, ideia que é partilhada por governantes de países como os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein;
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O senhor da Líbia, Muammar al-Gaddafi, é “extremamente dependente da sua enfermeira, uma loura voluptuosa”.
Com menor ou maior impacto no xadrez político mundial, a verdade é que todas estas declarações causam algum embaraço à administração Obama. Talvez seja mesmo assim que se faz a política externa de uma super-potência, mas para o público em geral, não habituado aos bastidores destes fait divers, estas informações parecem maná caído do céu; daquele que podemos usar para juntar à lista de “porquê que os americanos são uma vergonha” e prontamente debitar numa qualquer conversa de café. Fica sempre bem. Obrigado, Julian Assange.